Geração fruto da explosão demográfica pós-Segunda Guerra chega aos 60
Felipe Van Deursen
Imagine a situação: você está há tanto tempo lutando contra o inimigo, em países estranhos, que nem se lembra do gosto da comida de casa. Seu dia-a-dia é composto de corpos mutilados e mortos, sangue e poeira. Tudo com o que você sonha é voltar para o conforto do seu lar. A luta termina e você faz parte do grupo vitorioso. É recebido em seu país como herói. O que acontece nove meses depois? Você é pai.
Foi isso o que se passou com milhares de casais americanos com o fim da Segunda Guerra em 1945. Um ano depois começava uma explosão demográfica que só enfraqueceria na virada dos anos 60. Era o chamado baby boom. Na década de 40, nasceram nos Estados Unidos 32 milhões de bebês, 33% a mais que na década anterior. Em 1954, mais de 4 milhões de partos, quase 11 mil por dia. Em 2006, os mais velhos dessa turma chegaram aos 60.
A geração babyboomer, como ficou conhecida, mudou os costumes do mundo. Ela é formada pelos filhos que mais se diferenciavam dos próprios pais até então. Ela virou adulta no mais duradouro período de prosperidade do país, distante dos traumas sofridos pela geração anterior, que cresceu durante a Grande Depressão. Pelos 15 anos seguintes ao confronto mundial, a onda de otimismo dominou não só os Estados Unidos mas também muitos dos países aliados, como Canadá e Reino Unido. No Brasil, a euforia se deu nos anos JK, entre 1956 e 1960. A economia andava a toda, o desemprego era baixo. “O que aconteceu após a Segunda Guerra foi uma conjunção de fatores: otimismo juvenil, bens materiais em abundância, vitória em uma guerra, medo de perder em outra”, escreveu o historiador Howard Smead em Don’t Trust Anyone Over Thirty: A History of the Baby Boom (“Não confie em ninguém com mais de 30: a história do baby boom”, inédito no Brasil). “Você quer culpar alguém pelo baby boom? Culpe Hitler: suas atividades na Europa distorceram o ciclo familiar nos Estados Unidos.”
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