Praias que ainda têm vegetação nativa preservada escaparam do prejuízo das ressacas deste final de semana
A maré alta que atingiu o litoral catarinense neste fim de semana e provocou estragos nas praias da região não conseguiu o mesmo efeito nos locais onde há restinga e dunas. Parte do Gravatá e a Meia Praia, em Navegantes, e a Praia Grande, em Penha, são prova disso. Segundo especialistas, foi justamente o mato da restinga que evitou a destruição e prejuízos provocados pela super maré entre sexta-feira e ontem.
Um dos maiores estragos provocados pela força das ondas foi na praia do Gravatá, em Navegantes. Evandro Argenton, coordenador da defesa Civil, informa que Navegantes possui 12 quilômetros de orla, e destes, 10 são protegidos por dunas e vegetação nativa. Justamente nesse trecho, que vai desde o molhe norte até o início da praia do Gravatá, que a restinga não permitiu que a água invadisse a calçada e o asfalto. “Mas no Gravatá, onde não tem as dunas há muito tempo, houve destruição de 70% dos deques de madeira”, ressalta Argenton.
Em Penha houve algo parecido. A Praia Grande, em Armação, que teve a restinga recuperada há alguns anos, ficou livre dos estragos da ressaca apesar de ter o que o povão costuma chamar de “mar aberto”.
O pesquisador Marcus Polette, professor da Univali e doutor em ecologia e recursos naturais, diz que o fenômeno da maré alta mostra que a restinga cumpre um papel muito importante e oferece um serviço ambiental para a população, o de proteger a linha de encostas. “Ficou evidente a importância de conservar essas áreas”, reforça.
O professor comenta que Balneário Camboriú e em outras cidades da região, que tiveram calçadões construídos em cima da restinga, o estrago foi feio.
Entenda a restinga
A restinga é um conjunto de vegetação que nasce nas dunas à beira mar. O professor Polette explica que essa vegetação vai agarrando a areia e, com isso, as dunas vão aumentando seu volume. Quando a maré alta atinge a restinga, as dunas tendem a amortecer a ação das ondas. “Hoje, como toda essa área foi ocupada, nós perdemos essa proteção”, diz.
Entre as soluções pra resolver o problema, o professor cita a recuperação das áreas de restinga. Atualmente existe um projeto criado pelo governo federal para a recuperação e planejamento da costa de todo o litoral brasileiro. O Projeto Orla já foi adotado por alguns municípios, como Bombinhas, Penha e Itajaí, mas até hoje eles não foram implementados. “A gente observa que os municípios se candidatam, é feito o planejamento, só que os prefeitos não tomam a atitude de implementar, e usam isso como palanque político”, critica.
Diárinho
Obrigado fessor!
ResponderExcluir